Muito se fala em igualdade. É tema de debates, de campanhas, das escolas, do trabalho e das redes sociais. Repetimos que homens e mulheres devem ter as mesmas oportunidades, direitos e responsabilidades. Mas, no meio deste discurso tão presente, surge uma questão simples, quase banal, mas profundamente reveladora: porque é que não há muda-fraldas na casa de banho dos homens?
Pode parecer um detalhe, mas detalhes também comunicam. Quando um espaço público coloca muda-fraldas apenas na casa de banho das mulheres, a mensagem que passa é clara, mesmo que silenciosa: o cuidado pertence a elas, o trabalho é delas, a responsabilidade é delas. E, no entanto, todos sabemos que não é assim.
Será que, sem nos darmos conta, ainda carregamos a velha ideia de que cuidar de um bebé é tarefa exclusiva da mãe? Será que, ao manter este tipo de configuração nos espaços, continuamos a reforçar estereótipos que já não fazem sentido?
Um pai que muda fraldas, que embala, que acalma, que participa em cada detalhe da vida do seu filho não está a “ajudar a mãe”. Está a exercer plenamente a sua paternidade. Está a cuidar, a educar, a amar. Está a assumir o seu papel de forma inteira, como deve ser. E quando a sociedade o impede de ter condições para fazê-lo, retira-lhe parte dessa responsabilidade partilhada e, pior ainda, reforça a ideia de que o cuidado não lhe pertence.
A verdadeira igualdade constrói-se também nestes gestos. Não basta escrever leis, nem proclamar slogans. É preciso mudar os espaços, os hábitos e os símbolos do quotidiano. Igualdade é dar condições reais para que homens e mulheres possam estar presentes, em equilíbrio, nas várias dimensões da vida, incluindo o cuidado com os filhos.
Colocar muda-fraldas também nas casas de banho dos homens seria um passo simples, mas poderoso. Porque igualdade não é apenas uma palavra para ser dita em campanhas ou discursos: é uma prática diária. E só quando ela se traduz em ações concretas é que podemos dizer que caminhamos para uma sociedade mais justa.
Reflexão DaySpa Edite
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